E veio de forma distante e suave aquela música... e me lembrei...
Me lembrei de quem sou e que não preciso de muito para ser feliz.
Me lembrei que tive alguém que me amou muito, me ensinou o que é
suportar a dor... e que se foi.
Me lembrei das noites frias de junho... são lindas, cheira quentão.
Senti saudade dos amigos que deixei prometendo não distanciar-me e percebi
que isso é uma consequência do tempo.
Em fração de segundos vi tantos aniversários, natais e ano bom...
e compreendi que a vida
é só uma e que não posso permiti-la passar sem deixar a minha marca.
Nas lembranças me confundi em mim com a doçura e bravura de Cora Coralina,
a firmeza e indecifrável Clarice Lispector, a autêntica Rita Lee
com a ovelha negra da família e me senti ridícula com as cartas de amor de Fernando Pessoa...
quanto mais amor...mais ridícula!
Resumi tudo e deu no que sou.